Esta semana, estivemos à conversa com o artista Diogo Quaresma. Quem é, o que faz e a importância da natureza na sua vida e nas suas criações.
Fala-nos sobre ti e o teu percurso.
O meu nome é Diogo Quaresma, nasci em Sintra, no 21 de Junho 1993. Sou um típico Geminiano, sensível e aéreo, que gosta de explorar os sabores e aventuras da vida. Autodidata e apaixonado pelo mundo rural, cultura e ecologia. Lembro-me que foi através da música reggae roots que comecei a ‘acordar pra vida’ quando tinha os meus 16 anos.
Desde aí o meu percurso, tem vindo a revelar-se nas suas diferentes fases e processos, em busca de uma vida mais real.
Em criança o meu sonho era de ser um jogador profissional de futebol, até que aos 18 anos senti o chamado para explorar o meu potencial criativo. Como estudante de Multimédia, em 2012, enverguei pelo Design Gráfico e comecei a trabalhar profissionalmente numa start-up. Em 2015, despedi-me e decidi fundar o meu próprio atelier de design e comunicação, como freelancer. Comecei a dar mais asas à minha liberdade para viajar e conhecer outros mundos. Foi quando me mudei para Ourique, Baixo Alentejo, que comecei a explorar os mundos da permacultura e da vida sustentável no campo. Outras realidades se revelaram e se transformaram em mim desde aí. Hoje, com 28 anos, depois de muitas rotas percorridas, sinto os meus pés e coração mais assentes na terra. Graças ao milagre da vida, sinto-me vivo.
És um construtor de flautas, quando é que começaste o projecto?
Comecei com a construção de flautas, em Novembro de 2020. Senti um chamado de experimentar por mim próprio. Ao início, comecei com uma flauta que tinha comigo, construída por um senhor, que conheci na Áustria, em 2018. Foi ele a minha primeira inspiração e mestre. Ele passou-me as primeiras dicas, e o resto tive de ser eu a descobrir.
Estava na Áustria quando lançaram o segundo Lock-Down e não tive outra alternativa se não começar com as ferramentas e material que tinha disponível. Só passou um ano desde que a primeira flauta soltou o primeiro som, mas sinto que fiz isto noutra vida, é muito natural para mim.
De que forma é que as pessoas te podem contactar para encomendar e quanto custam as flautas? Quanto tempo demoram a ser construídas?
As flautas podem ser vistas e encomendadas na minha página Instagram @diogoquaresma_art. Neste momento os preços vão dos 80€ aos 160€, dependendo das afinações e materiais usados. A construção da flauta começa na procura e apanha do material ideal, ora pode ser cana, bamboo, madeira. Depois o material colhido tem de ser bem seco, o que pode demorar até 6 meses. Assim que o material está pronto, uma flauta pode demorar 4 a 5 dias a ser finalizada.
Também fazes pintura a óleo, como e quando surgiu?
Além das flautas, uma das minhas práticas criativas e espirituais é a pintura a óleo.
Na minha primeira viagem imprevista à Áustria, no verão de 2018, acabei por ficar a estudar na Academia de Arte Visionária em Viena. Aqui aprendi muito do que sei hoje, com gente do mundo inteiro. As minhas pinturas podem ser vistas e encomendadas também através da minha página Instagram @diogoquaresma_art.
Em criança, já gostava de pegar num lápis e desenhar os retratos da gente lá de casa. Era muito natural e fluído para mim. Fiquei muito tempo sem desenhar, até encontrar esta escola em Viena, que me recordou destas memórias vivas de criança.
Fala-nos um pouco sobre o teu outro projecto, o Yuramin.
Outro projecto que tenho em mãos, e que faço com muito carinho juntamente com a minha talentosa companheira Isabel Seda, é o projecto Yuramin. Que combina as várias áreas em que ambos somos apaixonados. As artes visuais, a arte sonora, a recolha de histórias e viajar. Yuramin – Guardians of the Land começou como um podcast sobre sustentabilidade, artes e espiritualidade, que agora se estende na documentação do nosso estilo de vida e da nossa própria experiência enquanto guardiões da terra. É possível ouvir o podcast livremente nas plataformas online. Para mais informações podem ver as nossas páginas Instagram: @yuramin_guardiansoftheland ou @yuramin_livingcircle.
Tens um estilo de vida baseado na sustentabilidade. Foi algo natural para ti? Como chegaste até aos dias de hoje?
Muitas pessoas me perguntam porque decidi mudar de estilo de vida e mudar-me para o mundo rural. Crescendo na cidade, não sabendo de onde ‘as coisas’ vêm é muito típico da gente da minha geração. Hoje acho que é um desperdício passar os meus dias no computador, com tantas coisas mais interessantes para fazer lá fora. O mundo natural está vivo e pede a nossa atenção e conexão ao nível mental, físico e espiritual. Sem este equilíbrio, o ser humano vive desconectado da sua origem. Assim que re-descobri esta fonte de conexão com as minhas raízes, sei que só num ambiente onde posso crescer a minha comida e dar valor ao que a terra generosamente nos dá, posso viver livre e feliz.