No passado sábado, dia 26 de Novembro decorreu no Village underground Lisboa, o evento Conscious Roots Gathering, idealizado e organizado pela banda portuguesa Terra Livre. O conceito suscitou rapidamente muito interesse na forma como foi elaborado, a junção de diversas influências musicais, entre bandas e selectas, a noite prometia. Aquilo que parecia ser um mega festão… Não é que foi mesmo!
À chegada ao local havia alguma fila para entrar, mas a andar rapidamente e sem muita demora. As vibrações já ecoavam com a atuação da banda Krusty Goes Mali, numa onda de Blues e Afro Desert Rock. Um projeto musicalmente inspirador e motivante que convido a conhecer!
Aproveito para dizer já um dos momentos altos da noite, enquanto aguardávamos pela atuação da família Terra Livre. Ter sentido o mano Jah River dos projetos Mindel Reggae Family e Mama Demba, a tocar diversas músicas de Midnite, para mim pela importância que Vaugh Benjamin tem para mim, foi simplesmente mágica a conexão entre a música e a espiritualidade. Respeito máximo!
Após estas malhas, tivemos a oportunidade de escutar 2 das 3 intervenientes da Climaximo, um coletivo anticapitalista baseado em Lisboa, que abordou temas como o clima, capitalismo e green washing.
Seguiram-se então, outros dos grandes momentos altos da noite, os tão esperados Terra Livre. Mas antes de opinar acerca da atuação dos mesmos, quero dar um Laaaaarge Big Up, especialmente ao Gonçalo Sarmento, um dos membros-fundadores da banda, pela comunicação do evento atempadamente à Selajahfary, pelo respeito e pela confiança que depositou no nosso trabalho. Á conversa com o mesmo idealizámos a elaboração do Give Away, que excedeu as expectativas de participação. É importante realçar este aspeto, porque é um dos pontos que ainda não conseguimos colmatar. Sendo a equipa toda voluntária e não podendo despender muito tempo do seu dia-a-dia, fazer chegar a informação é crucial para que possamos a divulgar com o máximo de qualidade possível.
Mas vamos ao que interessa e para não divagar muito, vou tentar ser o mais explícito possível. Onde há amor, amizade e união, a magia acontece! Já há muito que não via uma conexão tremenda entre 6 músicos, disse a alguns membros da banda e volto a dizer, a sintonia entre cada um deles, a energia que depositam no palco e a forma como interagem bem como tocam os instrumentos, é simplesmente algo que não deves deixar de assistir. Também realçar as letras das músicas, para mim música deve e tem de ser consciente, e aqui o algodão não engana. Arrisco-me a dizer que é uma das melhores bandas da atualidade em Portugal.
Entrou então em cena Mama Demba, coletivo que não estava completo, mas que Jah River os representou a todos muito bem, mostrando a riqueza que África tem culturalmente e fazendo com que o público não arredasse pé. Foi uma energia contagiante! Aproveitar este momento para realçar a importância que Rubera Roots, Mindel Reggae Family e Mama Demba têm na cena Reggae em Portugal. Acompanho-os há muitos anos e tenho um respeito enorme por cada um deles, para mim são a pura resistência da consciência. Dizem que quem corre por gosto não cansa e é mesmo verdade. Gratidão pelos anos de dedicação e por embelezarem Portugal com a vossa arte!
Chega a vez de Muamba Masala, com o seu estilo Folktronic, que veio depositar ainda mais energia no dancefloor , impróprio para cardíacos, mas que os resistentes aguentaram.
E para terminar, os veteranos Kota Sound, eu chamo-os de veteranos, porque este grupo tem um particularidade com um peso muito grande e que deve ser realçada. Quem não se lembra da carismática banda Terrakota? Pois bem, Kota Sound foi criado para que os membros que pertenciam à banda Terrakota, juntem-se e façam um estilo de Jam Session a relembrar esses tempos.
Não poderia finalizar esta crónica sem mandar um abraço ao mano Alex de Terrakota, uma pessoa no qual eu tenho um respeito enorme pela pessoa e pelo artista que é. Foi sem dúvida mais um dos momentos altos da noite, vê-lo novamente em cima do palco e poder posteriormente pôr a conversa em dia com o mesmo. Um guerreiro das artes sem dúvida! Só me vem à cabeça a seguinte frase, mas como gosto de divagar, fica para a quem a sentir: ” Puxem pelo homem!“.
Abordando agora os aspetos positivos e negativos do evento. Quanto ao preço do bilhete para mim foi bastante acessível, 10 euros na pré-venda e 12 euros à porta, o que para a qualidade do evento que era foi bastante acessível. O espaço Village Underground é um espaço muito acolhedor, onde tem espaço interior e exterior disponível, o que é ótimo, mas peca nos valores praticados no bar, na minha humilde opinião deveria reajustar especialmente nestes eventos os mesmos, até porque o público que frequenta costuma ter menos poder de compra.
Para finalizar, quero realçar que tudo o que é escrito nesta crónica é de inteira responsabilidade minha (Wedontfit). Tudo o que foi escrito é presenciado e sentido por mim na primeira pessoa. Estas crónicas servem para as pessoas terem uma ideia mais pormenorizada do ambiente que se vive nos eventos. Se existirem críticas menos boas, serão construtivas e não devem ser levadas como um aspeto negativo. Até Jah!