Esta semana, a Selajahfary esteve à conversa com Ângela Gonçalves, fundadora do projecto de permacultura Escola do Campo.
Pedimos-te uma breve apresentação.
Sou a Ângela, muito mais da cidade que do campo, apaixonada por Permacultura e Design Ecológico e ainda mais por ensinar, aprender e pessoas. Os meus interesses são línguas, jardinagem e produção alimentar, solos, sementes, fungos, vermicompostagem, ferramentas e métodos de tomada de decisão e gestão comunitária. Preservação de alimentos e cozinhar sempre fizeram parte da minha vida quotidiana e são duas grandes paixões. O Reggae sempre foi a banda sonora da minha vida.
Em primeiro lugar, e para quem nos está a ler e possa não estar tão familiarizado com o termo, o que é a permacultura?
A permacultura é um método de design sustentável para ambientes e sistemas humanos. É uma ciência holística que abrange sectores como a Educação, a Produção Agrícola Sustentável, Sistemas Agroflorestais, Construcção Natural, entre outros.
Quando e como te começaste a interessar por este tema?
Fui educada e cresci numa quinta até aos 10 anos. Em 2008, aos 25, com dois anos de carreira como professora de Português e Inglês, começou a tornar-se muito forte a vontade de ter uma horta, de trabalhar com a natureza, de ser mais responsável pela minha subsistência e de conseguir ser mais livre e feliz. Encontrei a casinha com o quintal e desde então não parei, mais hortas, mais casinhas com quintal e mais projectos.
És formada na área, ou foste aprendendo de forma autodidacta?
Entre 2008 e 2012, fui experimentando o que conseguia no meu quintalinho e aprendendo com os meus erros. Quando cheguei ao climax da sede de mais conhecimento e ao ponto de a minha avó quase morrer a rir com as minhas experiências, comecei a formar-me nesta área. Tirei um Curso de Introdução à Permacultura com o Nuno Belchior, do Projecto270 e continuei a estudar e a experimentar. Interessei-me também por métodos de tomada de decisão e fiz um workshop de Sociocracia. Em 2015, tirei o Permaculture Design Course, na Biovilla em Palmela e continuei a minha viagem pelo mundo da Permacultura com um projecto chamado Zona 1. A par e passo com este projecto, desenvolvi um Núcleo de Permacultura na ADAO – Associação Desenvolvimento Artes e Ofícios, no Barreiro, e actividades relacionadas com Compostagem, Horta, e actividades educativas para o público em geral e para escolas. Criei também um conjunto de cursos e oficinas que facilito no Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e noutros locais, bem como online. Mais tarde, complementei a minha formação com o Curso de Professores de Permacultura com o Graham Bell e o Rakesh Rootsman Rak e colaborei com a Sílvia Floresta, na Aldeia do Vale a dar sessões em PDCs.
Como surgiu a Escola do Campo?
A Escola do Campo surge como resposta a uma transição de professora da escola para facilitadora da vida. Sou professora desde os 22 anos e é esta a minha vocação, quero continuar a ensinar e a inspirar. De momento, foca-se mais em ensino online e itinerante, mas a visão para o futuro inclui um espaço físico e o ensino de PDCs entre outros cursos relevantes dentro da Permacultura.
Qual o principal objectivo desta escola?
A permacultura inspirou-me a mudar de paradigma de pensamento e de vida e quero levar este conhecimento ao maior número possível de pessoas. Uma das minhas frases favoritas do pai da permacultura, Bill Mollison, é: ‘Ainda que os problemas do mundo sejam cada vez mais complexos, as soluções permanecem embaraçosamente simples’. Quero poder despertar e activar estas soluções em pessoas e instituições. Não podemos causar impacto em sistemas se não estivermos inseridos neles, e há mais bons sistemas para além dos de som.
Onde está sediado o projecto?
O projecto está sediado em Alhos Vedros, temos um Bosque de Alimentos em contexto semi-urbano, ainda não está aberto ao público, mas pretendemos ter dias abertos e alguns cursos em breve.
Além das formações, prestas outros serviços?
Para além de formações, presto serviços de Consultoria e Design de Permacultura, mais adaptados aos contextos urbano e educativo e ao design e implementação de hortas, sistemas de compostagem e Bosques de Alimentos.