Marcus Gad acaba de lançar o seu novo álbum, “Brave New World”, o pretexto ideal para uma entrevista. Lê abaixo.
O novo álbum foi lançado no dia 5 de Novembro. Como tem sido a aceitação por parte do público?
Temos recebido um óptimo feedback do público. Parece que as pessoas estão contentes por nos ouvir a explorar outras paisagens sonoras. Estávamos super entusiasmados em lançar este projecto porque pusemos tanta intenção nele, e a melhor recompensa é saber que as pessoas o estão a sentir.
Podes-nos falar do processo de criação dele?
Este álbum foi de uma grande exploração para nós. Digamos que queríamos viajar fora dos nossos limites musicais habituais. Tanto o Tamal como eu ouvimos vários géneros musicais e falávamos há muito de gravar músicas de hip-hop e soul. Decidimos deixar essa inspiração fluir e o “Brave New World” nasceu.
Qual a principal mensagem que queriam transmitir com o “Brave New World”?
A maior parte das músicas foi escrita durante a primeira quarentena. Por isso, é claro que a maior parte dos temas sobre os quais eu canto, estão relacionados com os eventos que têm acontecido no mundo ultimamente. A situação global actual levanta questões que tocam os princípios fundamentais dos direitos humanos e da dignidade. Cantámos muito sobre essas temáticas, mas hoje em dia, mais do que nunca, são essenciais.
Estamos a viver tempos difíceis, como é que a pandemia afectou o teu trabalho?
Claro que a pandemia teve um impacto enorme nos planos dos concertos ao vivo. Quase não tocámos nestes últimos dois anos. Por outro lado, tem sido uma boa altura para escrever e gravar música e os últimos meses foram muito produtivos nesse sentido. É também a altura certa para nos juntarmos e tocar. Não interessam as condições, a música estará sempre viva.
E como é que a música te ajudou a ultrapassá-los?
Bem, a música é um meio de expressão através dos bons e maus tempos. A vida do dia-a-dia é a principal inspiração, e com a situação actual, há vários coisas para reflectir. Por isso, a música é definitivamente uma ferramenta para ultrapassar as adversidades.
Têm planos para apresentar o novo álbum ao vivo?
O “Brave New World” tem um toque mais digital, por isso tem uma abordagem diferente do que a habitual quando tocamos ao vivo com Tribe. Ainda assim, estamos definitivamente a planear incluir temas deste álbum nas nossas actuações futuras.
Podemos esperar mais vídeos para estas novas músicas?
Até agora lançámos três vídeos. Brevemente será publicado um novo.
Falas abertamente sobre política nas tuas redes sociais. Podes-nos explicar um pouco o teu ponto de vista relativamente ao conflito israelo-palestiniano? Na tua perspectiva, qual a solução?
Entre outros assuntos, interesso-me em geopolítica e problemas de liberdade política. Por várias razões, a questão da identidade é muito importante para mim. Fico profundamente comovido quando vejo a identidade e soberania das pessoas serem negadas por forças violentas e opressivas. Viajo muito e acredito que experenciar um lugar ou uma situação é a melhor forma de o conhecer. Podes ler muito sobre vários assuntos, especialmente no que toca a geopolítica, mas nada supera a experiência de veres com os teus próprios olhos e sentir com o teu coração.
As minhas três viagens à Palestina foram mágicas. O povo palestino revelou-se o povo mais acolhedor que eu já conheci. Pude testemunhar a vida quotidiana e as lutas deles, e ver como a sua dignidade e legitimidade é constantemente violada. Vi uma situação do tipo apartheid com cidadãos de primeira e segunda classe, muros, e checkpoints. E no meio desta loucura, senti-me seguro e protegido por quem me acolheu na sua terra. Encontrei algumas das pessoas mais prestáveis, humildes e generosas que alguma vez conheci. Um povo a lutar para tentar sobreviver. Essa foi a minha experiência. Quem tem olhos para ver, deixem ver.
Acreditas que a música tem o poder de curar?
A música é a cura. É algo que fazemos para nos sentirmos bem, para nos sentirmos melhores. Desde o início da humanidade que é uma ferramenta de elevação espiritual e acredito que se mantém como o principal propósito de tocarmos música.
Tens uma mensagem para os nossos leitores?
Agradeço a todos que nos apoiam agora e desde o início. Vivemos tempos cruciais e devemos manter-nos conectados com a verdade divina. Mais uma vez, estamos à beira do desastre, com a moral internacional e os direitos humanos básicos a serem abertamente descartados, a uma escala global. Temos de bater o pé por aquilo que sabemos que é verdade e não aceitar o inaceitável.